Nosso Site MS A notícia em Angélica a um clique de você

loader
X

Fale Conosco:

Aguarde, enviando contato!
Tatuagens ressignificam cicatrizes de vítimas de violência doméstica e de cirurgias mal feitas
  • Compartilhe esse post
  • Compartilhar no Facebook00
  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Whatsapp

Tatuagens ressignificam cicatrizes de vítimas de violência doméstica e de cirurgias mal feitas

Como é possível esquecer um trauma, se ele está marcado na pele em forma de cicatrizes? Algumas mulheres que foram vítimas de violência doméstica, de doenças ou de cirurgias mal feitas têm escolhido a tatuagem para amenizar a dor.

O projeto social 'We Are Diamonds', que já fez mais de 150 tatuagens em mulheres que queriam camuflar suas cicatrizes, fechou parcerias com o Projeto Bastê, que apoia vítimas de violência doméstica, com o Projeto Driblando o Câncer, do Instituto Brasil + Social, e com a ONG GAMA (Grupo de Amparo Momento de Amar). Com isso, as mulheres assistidas por essas instituições também podem fazer tatuagens gratuitamente.

Na última segunda-feira (7), foi a vez da funcionária pública Talita Lins, de 35 anos, dar um passo à retomada de sua vida.
Em 2017, ela foi vítima de ferimentos provocados pelo então companheiro. Ela e sua filha foram empurradas ao chão, e uma porta de vidro se espatifou contra ela. "Esta foi a última das inúmeras agressões que passei", lembra. O resultado, além do trauma psicológico, foram as cicatrizes em seu braço.

Tatuagens ressignificam cicatrizes de vítimas de violência doméstica e de cirurgias mal feitas

Antes e depois de Talita, vítima de violência doméstica — Foto: Divulgação/Projeto We Are Diamonds

"Costumo sempre dizer que minhas feridas e cicatrizes não vão me impedir de sonhar. Sempre quis ter uma tatuagem, então vou usá-la para ressignificar tudo o que passei", diz Talita.
 
Momentos antes de ser tatuada, ela disse que não temia sofrer com a agulha. "A tatuagem é que vai dar um novo significado à minha dor."
 

Tatuagens ressignificam cicatrizes de vítimas de violência doméstica e de cirurgias mal feitas

Talita sendo tatuada por Karlla Mendes — Foto: Divulgação/Projeto We Are Diamonds

Em novembro do ano passado, o então namorado — com quem convivia havia um ano e cinco meses — teve uma crise de ciúmes e a feriu com uma faca de pão em várias partes do corpo durante um churrasco. Foram mais de cem pontos na barriga, braços, mão e pernas.

"Quero poder olhar de uma maneira mais bonita para meu corpo, não sentir tanta dor com as lembranças", afirma Tamires.

Tatuagens ressignificam cicatrizes de vítimas de violência doméstica e de cirurgias mal feitas

Tamires vai ter que esperar um ano para cobrir sua cicatriz com uma tatuagem — Foto: Arquivo pessoal

Ela ainda terá que esperar cerca de um ano até ter sua tatuagem, pois suas feridas ainda são recentes e não estão totalmente cicatrizadas. "Vou transformar minha dor em arte", completa.

O fim de um ciclo
 
Para a enfermeira Mariana Cristina Brizzi, de 36 anos, a tatuagem feita no início do mês colocou um fim a uma luta iniciada quando ela tinha 23, ao descobrir um câncer de mama.
Ela tinha acabado de ter o filho quando recebeu o diagnóstico. Teve que tirar o seio esquerdo e, nos anos seguintes, além do tratamento, enfrentou depressão e obesidade. "Não pude fazer reconstrução de imediato, e a cicatriz ficou bem feia."

Mesmo com o excesso de peso, em 2015 ela passou por uma cirurgia para reconstrução do seio, que segundo ela, teve um resultado longe do que esperava.

Um tempo depois, em 2017, ela começava a retomar sua vida e sua autoestima - tinha perdido 75 quilos e os cabelos já estavam crescendo normalmente - quando veio um novo baque: um nódulo, dessa vez no seio esquerdo. Com isso, ela teve que passar por uma nova mastectomia.
"Desabei. Só pensava que ia passar por tudo e chorar novamente tudo que tinha chorado", afirma. Dessa vez, porém, ela conseguiu fazer a reconstrução de duas mamas.
As cicatrizes provenientes das cirurgias são extensas - do meio das costas até o tórax. Mas foram cobertas com tatuagens com desenhos de diamantes em uma sessão de dez horas.

Tatuagens ressignificam cicatrizes de vítimas de violência doméstica e de cirurgias mal feitas

Antes e depois - à esquerda, a cicatriz no corpo de Mariana antes da tatuagem — Foto: Divulgação/Projeto We Are Diamonds

"Dessa vez eu chorei de alegria. Essa tatuagem é o fechamento de um ciclo, de 12 anos de lutas. Hoje, minha autoestima está nas alturas", revela, com lágrimas nos olhos.
 

Projeto We Are Diamonds
 
Tanto Mariana, como Talita e Tamires ganharam as suas tatuagens do Projeto We Are Diamonds, que foi criado em 2017 pela tatuadora Karlla Mendes, e tem como foco cobrir as cicatrizes de mulheres que sofreram marcas provenientes de violência doméstica, queimaduras e cirurgias mal feitas, entre outros casos.
Além de tatuar as mulheres, Karlla é a responsável por escolher quem irá receber as tatuagens, triando as histórias que recebe pelo site do projeto e pelas instituições parceiras.
"Sempre tento me colocar no lugar dessas mulheres. São várias histórias marcantes. Recentemente, por exemplo, me deparei com o caso de uma mulher que tenta recuperar a sua vida há mais de três anos, desde que foi atropelada por um trem em São Paulo. Isso me comoveu muito, pois sei que as tatuagens vão ajudá-la a se aceitar", afirma, completando que a mulher em questão será tatuada no próximo dia 19.
Karlla é especialista na JewerlyTattoo, e por isso, suas tatuagens sempre possuem desenhos com joias e pedras preciosas. O que era apenas um estilo, virou a marca do projeto. "O diamante mostra nossa resiliência e a necessidade de sempre estarmos nos lapidando", diz a profissional, que tem mais de 20 anos de carreira.

Dividindo-se entre Melbourne, na Austrália, - onde possui um estúdio com a filha - e São Paulo - onde é proprietária do StylloTattoo, na Zona Norte de São Paulo, Karlla retorna ao Brasil após dois anos sem pisar em seu país natal, devido à pandemia.
Segundo ela, a procura por tatuagens para cobrir cicatrizes tem crescido tanto que ela não está dando conta da demanda, e está desenvolvendo um workshop dirigido a tatuadores, onde ensina a sua técnica.
Karlla destaca que o processo exige técnica, tempo e experiência, e que ela só faz suas tatuagens com autorização do médico das pacientes. "Também tenho um médico em minha equipe para avaliar as cicatrizes", explica.
Para Karlla, poder ajudar as pessoas a superar seus traumas é a sua motivação. "Estou doando parte de minha arte e talento para amenizar a dor das mulheres, devolvendo-lhes a autoestima e a vontade de viver.”

Tatuagens ressignificam cicatrizes de vítimas de violência doméstica e de cirurgias mal feitas

Mulher cobre cicatriz de uma cirurgia de apendicite com tatuagem — Foto: Divulgação/Projeto We Are Diamonds
 

Fonte:https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/02/11/tatuagens-ressignificam-cicatrizes-de-vitimas-de-violencia-domestica-e-de-cirurgias-mal-feitas.ghtml
Foto da capa:Mulher que foi vítima de violência cobriu cicatrizes de uma cirurgia com tatuagem — Foto: Divulgação/Projeto We Are Diamonds

 

  • Compartilhe esse post
  • Compartilhar no Facebook00
  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Whatsapp

Olá, deixe seu comentário para Tatuagens ressignificam cicatrizes de vítimas de violência doméstica e de cirurgias mal feitas

Enviando Comentário Fechar :/

Artigos Recentes

Notícias da Capital